Minha histerossalpingografia



Bom dia, teimosinhas!

Como contei no último post, após 6 meses de tentativas, procurei um médico especialista em fertilidade. Ele disse que era cedo para iniciar as investigações, mas não se opôs a adiantar o processo. 

Gente, por que esperar 1 ano pra começar a INVESTIGAR? Por que submeter um casal a 12 meses de expectativas e frustrações, antes de verificar se tem reais chances de engravidar sozinho? Que mal há em fazer exames? Eu não estou falando de procedimentos muito invasivos, nem de exames mais dispendiosos, sem cobertura do plano de saúde! Mas há muitos problemas que podem ser identificados de maneira simples e barata, desde o primeiro momento.

Há quem diga que essas investigações todas podem aumentar a ansiedade e atrapalhar a fertilidade. No meu caso, é o oposto. Eu me tranquilizo com essa postura proativa e fico nervosa quando me pedem para só esperar. Não gosto de me sentir incapaz de contribuir para a realização do meu próprio sonho. Mas essa sou eu. É importante que cada casal avalie qual a melhor estratégia para o próprio bem estar.

Voltando ao relato, nós fizemos os novos exames solicitados pelo médico e o nosso resultado foi excelente. O espermograma do meu marido, nem se fala! Tudo tão perfeito que seria merecedor de quadro na parede da sala! rsrs 

Para iniciarmos a indução de ovulação, só faltava a histerossalpingografia. E por que esse exame é imprescindível, antes do coito programado? Porque se as trompas não tiverem passagem, não importa quantos óvulos sejam liberados, nenhum será fertilizado. Seria perda de dinheiro, de tempo e dos preciosos e limitados óvulos.

Marquei o exame e fui pesquisar um pouco sobre o procedimento. Demorei para decorar o esse nome complicado. Hoje, eu soletro e falo de trás pra frente, de tanto que já repeti. 

Li que a histerossalpingografia é um exame que ajuda a visualizar a anatomia do sistema reprodutor feminino, desde o útero, passando pelas trompas, até os ovários. Através de um cateter, é inserido contraste na cavidade do útero e nas trompas, enquanto são feitas imagens em raio-x. Dessa maneira, o médico consegue diagnosticar prováveis inconformidades dessas estruturas.

Lendo um pouco mais, encontrei diversos relatos de enormes dores e de efeitos colaterais terríveis. Fiquei assustada e perguntei ao médico quais os riscos do exame. As respostas foram:

1) Eu faria na presença de um anestesista e com sedação (levinha, a mesma da endoscopia)

Obs.: Na clínica onde fiz, o exame não é realizado por um radiologista, mas por uma técnica de radiologia. O radiologista somente analisa as imagens e dá o laudo. Eu confesso que não gostei muito, mas era a única clínica que fazia o exame com sedação. 

2) Há um preparo para o exame, incluindo antibióticos, antiinflamatórios, antialérgicos, corticoides... tudo para evitar infecções.  

Obs.: Pelo que entendi (e aqui falo com leiga, então me corrijam se eu estiver errada), se tiver estiver tudo certinho, o contraste vai percorrer o útero, as trompas e vai cair na cavidade abdominal. Se tiver algum foco bacteriano, ele será transportado, junto com o contraste para outras áreas, alastrando a infecção). 

Fiquei tranquila. Cheguei na clínica de radiologia em jejum e tinham 5 mulheres, antes de minha vez. Todas acompanhadas das respectivas mamães. Eu não havia levado a minha. Sequer havia contado do exame.

Minha mãe é dessas super protetoras, que acham que a filha é feita de biscuí. Eu nunca fui internada, nunca levei um ponto de sutura, nunca quebrei um osso, nunca tive essas doenças de criança, como catapora, caxumba, sarampo... e, até aquele momento, nunca havia tomado anestesia. Eu não queria deixá-la nervosa e nem precisava de alguém me transferindo a sua tensão, então preferi só falar pra ela depois.

Mas eu não imaginava que somente mulheres tivessem acesso às salinhas pré-procedimento. Meu querido marido, que segurava minha mão e me tranquilizava, foi barrado e eu tive que entrar sozinha. Todas com as pacientes com as suas mamães, menos eu. Lamentei não ter contado. Queria ela lá, dando piti e abordando médicos e enfermeiros.

Uma a uma, cada uma das pacientes foi entrando. Eu era a última. Cada exame não demorava mais que 15 a 20 minutos. Quando entrou a penúltima, eu fui mudada de sala. Já fiquei na antessala, preparada para entrar.

A paciente anterior a mim saiu da sala com a saia levantada, a calcinha toda enrolada nas coxas, a depilação por fazer à mostra. Mal falava. Tentava balbuciar alguma coisa que não se entendia, enquanto a enfermeira a deitava numa poltrona-do-papai e a mãe tentava lhe vestir as roupas. Eu estava oficialmente apavorada: 

- Moça, tá tudo bem? Doeu? Tá doendo? Tá sentindo o quê?

A mulher tentava responder e eu não entendia nada. A mãe, protetora, me olhava com cara feia, por importunar a filha dela, naquele estado.

- Enfermeira, o que ela tem? Por que tá assim?
- É efeito da anestesia, querida. É normal.

Era minha vez. Entrei na salinha, branca feito um papel, tremendo toda. Olhei tudo ao redor. Vi um espéculo de ferro: 

- Moça, não tem descartável?
- Está tudo esterilizado, querida.
- Não gosto. Não quero. Prefiro descartável. Tem descartável? - sim, quando estou nervosa, eu faço cena. #mejulguem

A enfermeira conseguiu um espéculo descartável e o anestesista tratou logo de me "apagar", antes de que reclamasse de mais alguma coisa.

Não senti nada, não lembro de nada. Não sei quanto tempo passou, mas meu marido disso que foi rápido. Acordei com a enfermeira vestindo minha calcinha, com um absorvente noturno já colado nela. Ela me ajudou a andar até a antessala, onde o meu marido já me esperava (como eu era a última paciente, permitiram que ele entrasse para me aguardar na saída), e a deitar na poltrona.

Eu estava bem, um pouco tonta, falando devagar, mas sendo perfeitamente compreendida. Perguntei à técnica:

- O contraste passou?
- Passou só por uma. - respondeu.
- Só por uma? Tem certeza? Posso ver? Posso falar com o médico? Como é possível? - sim, eu já disse que faço cena quando fico nervosa! #mejulguem rsrs

O laudo só sairia no dia seguinte, mas diante das minhas lágrimas e insistência, a técnica chamou o radiologista e ele foi até lá falar comigo. 

Muito paciente, explicou tudo. Mostrou as imagens e disse que uma das trompas era excelente. O contraste havia passado sem nenhum esforço. Na outra, o contraste demorou mais a passar e passou bem apertadinho. Ele disse que era como um canudo amassadinho, desses que a gente tem que fazer força pra sugar e beber o líquido. Ambas as trompas eram pérvias. O contraste passou e caiu na cavidade abdominal. Mas uma passou com folga e a outra passou com dificuldade. Ao final, disse: você só precisa de uma. Vamos investir nessa trompa esquerda.

O laudo dizia: trompas bilateralmente pérvias. Trompa esquerda opacificada até a extremidade distal. Trompa direita FRACAMENTE opacificada, até a extremidade distal.

Nos dias que se seguiram, continuei tomando os medicamentos prescritos para o pós-exame e não senti dor alguma. No primeiro dia, fiquei sonolenta (efeito da anestesia) e fiz repouso. Usei absorvente por uns dois dias, porque o restinho do contraste fica sujando a calcinha. O resultado da experiência foi positivo. 

Levei o resultado ao ginecologista e questionei sobre essa trompa "fracamente opacificada". Ele disse que eu não deveria me preocupar e que o importante era que tivesse passagem: se passou contraste, passariam espermatozoides e óvulos fecundados.

Era o quarto dia do ciclo e ele já me mandou iniciar as medicações para induzir ovulação no mesmíssimo dia.

Amanhã eu conto tudo sobre essa nova etapa do tratamento! 

Beijos, teimosinhas!  



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